Eu deveria ter incluído esses pensamentos na parte das “As desculpas esfarrapadas”, mas esqueci completamente. Me desculpem por isso!
Não me lembro de nenhuma situação em que a administração envolvida em escândalos e sob forte crítica tenha optado por realizar trabalhos de diligência e investigação, muito menos buscou ser auditada anualmente por uma Big4. Posso estar enganado, mas pelo que sei, toda iniciativa de investigação com analise mais profunda dos problemas de um clube, ocorreram nas trocas de gestão e/ou sob a influência de algum tipo de intervenção. E isso é explicado quase empiricamente.
A primeira hipótese é que a administração não quer constituir elementos contra si mesma ou contra os arranjos políticos que viabilizaram sua eleição. Lembre-se que hoje em dia existe um esforço de campanha permanente. Pesando os prós e os contras, eles acabam deixando de lado qualquer trabalho investigativo externo.
A segunda hipótese é que a administração deliberadamente tem segundas intenções e age de má fé. Infelizmente, isso acontece com bastante frequência, como pode ser visto em várias reportagens recentes aqui no Brasil. Nesse caso, não ajudará em nada encontrar elementos contra si mesmo.
Um auditor e um consultor irão relatar suas descobertas e sugestões de melhorias para o contratante. A extensão do acesso às informações é altamente dependente da assistência da administração. É improvável que a gestão sob suspeita torne a vida mais fácil para o trabalho de pesquisa ou consultoria e que ainda controle o relatório final, que precisa de consenso para ser emitido.
Desta forma, estes frequentes pedidos de realização de “auditorias” acabam por limitar-se, a meu ver, à mera retórica eleitoral ou à excessiva ingenuidade dos torcedores.
Portanto, há um momento adequado para esse tipo de campanha de torcedores e associados.
A “janela” está na mudança de gestão, que, via de regra, acontece com as eleições periódicas nos clubes.
Aqui também é um problema recorrente. Durante as campanhas eleitorais, as “auditorias” costumam fazer parte dos planos, e essa promessa é completamente esquecida, junto com tantas outras, apenas alguns dias após as eleições. É pertinente à situação que já discutimos nas narrativas dos gestores desses modelos associativos.
Não há necessidade de aprofundar essa questão do gestor que promete mas não cumpre.
É uma das melhores red flags que indicam que a segunda hipótese tem alta probabilidade de ser a correta. Na próxima parte tratei um escopo que foi apresentado a gestão Peter no início do seu mandato. Devidamente comentado.