Essa edição faz parte de uma pequena thread sobre O PLANO DE PAGAMENTO DE CREDORES do Fluminense.
Na edição anterior, exclusiva para os membros que subscrevem o planos da newsletter, vimos que há muita incerteza acerca da capacidade de pagamento do plano proposto, pelo menos em 2022. Além disso foram apontadas algumas inconsistências de saldos projetados e erros conceituais, a meu ver, bastante graves.
Vou republicar o fluxo apresentado, pois a última edição foi exclusiva:
Quando se lê o plano, cria-se uma expectativa do tal “Doc. 1” (circulado na imagem) ser algo mais detalhado que essa figura borrada aí de cima.
Mas o “Doc. 1” não passa de uma pegadinha do famoso tricolor Sérgio Mallandro!
Eis o “Doc. 1” na íntegra:
Pelo menos é mais legível, não foi algo totalmente inútil, só 99.9% inútil. Adicionalmente apresentam somente o ativo de um balanço semestral de 2021. Isso mesmo, em janeiro de 2022, só tinham um balanço (não auditado) de junho de 2021 para anexar ao plano.
Isso é bem curioso, afinal o Portal já disponibiliza o 3o trimestre de 2021 desde de novembro de 2021 (quase três meses antes da apresentação desse plano):
Mas vamos pular esse festival de bizarrices!
A quarta parte dessa thread sobre o Plano de Pagamentos tratará exclusivamente das premissas listadas acerca do fluxo de caixa projetado para os próximos 36 meses.
Nós já discutimos essa questão de 36 meses na edição 49:
Sim, o fluxo, por se limitar a 36 meses, não cobre todo o período do plano de pagamentos. Mais uma vez, alguma mente brilhante limitou apresentar o fluxo de caixa para 3 anos, quando na prática os planos podem levar de 6 a 10 anos.
Seria preciso considerar potenciais descontos, mas a grosso modo, o fluxo apresentado cobre somente cerca de 1/3 do pagamento das dívidas consolidadas nesse plano.
As premissas, obviamente, são limitadas a projeção de 36 meses.
No documento de apresentação do plano, há indicativo que o Fluminense espera quitar integralmente o plano em prazo inferior a 6 anos:
O prazo efetivo dependerá do deságio a ser alcançado, veremos isso com mais detalhes na edição 52.
E o “dogma” surge pela enésima vez:
Ora, se existem projeções para os próximos 10 anos, qual motivo se limitar a 36 meses nos quadros? A desculpa de que a Lei só exige 3 anos é patética, pois não há vedação a apresentar os tais 10 anos.
Se esperam quitar em menos de 6 anos, em quantos anos o saldo de 217 milhões seria quitado? Qual a premissa de descontos sobre a dívida que usaram para estimar esse prazo inferior de 6 anos?
Imagine que você seja o credor do Fluminense: qual segurança teria em analisar a adesão com um fluxo projetado parcial? Tudo bem que se o credor for conservador, cético e fizer seu dever de casa, ele ficaria preocupado já com os 36 meses projetados, como vimos na edição anterior, mas a ausência de fluxo para todo período de quitação é um dos maiores absurdos desse plano. Ainda mais que eles dizem que isso existe. Eis o mistério da fé…
Vamos revisar as premissas gerais do plano, uma a uma:
Moeda e índices
Várias receitas do Fluminense estão atreladas a moeda estrangeira, como a venda parcelada de atletas e as premiações/cotas de TV de torneios internacionais.
As premissas trazem projeções de valores médios da taxa de câmbio ate o primeiro trimestre de 2025:
Existem tantas incertezas nisso tudo que eu nem sei por onde começar.
As vendas e as premiações não estão contratadas, enquanto a primeira depende de um infinidade de fatores de mercado e o aparecimento de jogadores talentosas, a segunda depende de desempenho esportivo.
E projeção de taxas de câmbio costumam ser um mero exercício de adivinhação. Por exemplo, enquanto escrevo essa parte, a cotação do Euro está em R$5,18 (-16,45%). Nós efetuamos uma venda de um jovem atleta para o Betis e quando o câmbio da primeira parcela for fechado, provavelmente a cotação estará abaixo da média utilizada para projetar as receitas, dada a conjuntura global de crise pós-pandemia, agravada pelo quadro de estagflação que foi criado a partir das sanções contra Russia.
Já existem projeções que jogam o Euro para cerca de R$4,90 em maio, por exemplo. O quadro acima foi feito antes dessa confusão ucraniana, que tem desvalorizado o Euro paulatinamente.
Um oscilação de 50 centavos na projeção resultaria numa redução próxima a 9% da receita projetada com vendas, por exemplo, ou menos 8.1 milhões em 2022 (desconsiderando que foi parcelado e que uma operação de antecipação tem custos). No câmbio atual, a parte a não ser realizada em virtude de oscilação da taxa de câmbio pode comprometer 14.8 milhões dos 90 milhões orçados.
É óbvio que essa tendência de queda seja revertida de alguma forma, como eu disse, isso tudo não passa de especulação e muita tentativa de adivinhação, o valor pode até superar a media de R$5,50, o que poderia trazer maiores receitas, mas o ponto central aqui é um só: há muita incerteza nisso tudo.
As premissas também trazem projeções de índices de preço (inflação):
Na ausência de orçamentos analíticos ou fluxos mensais projetados, fica impossível entender como essas taxas afetaram as projeções.
Mais um exemplo: as saídas pulam de 282 milhões para 292 milhões entre 2023 e 2024. Isso representa uma oscilação de 3.55% e isso é superior a média do quadro.
É possível identificar essa parte onde dizem que os índices de inflação corrigirão as dívidas juntos aos credores na sexta seção do plano (veremos isso na edição 52).
Mas a projeção indica uma SELIC em queda. Complicado.
SELIC em queda reduz o serviço da dívida do Fluminense, ajuda a gerar fluxos positivos em função de um volume de juros menor, que não devem se realizar.
Desempenho Esportivo
Essa é uma questão já batida e que todos tem conhecimento. A única novidade é o que o plano, ao contrário do orçamento de 2022, trouxe quantificação dos valores.
Vejam as capturas:
Falam em “prudência contábil”, como se estimar não ser campeão de tudo fosse prudência e tivesse alguma conotação contábil em termos de princípios. Nos enrolam partindo da premissa que lidam com ignorantes.
O que seria o princípio da prudência?
“Parágrafo único. O Princípio da Prudência pressupõe o emprego de certo grau de precaução no exercício dos julgamentos necessários às estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos e receitas não sejam superestimados e que passivos e despesas não sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais.”
O normativo contábil pode ser acessado na íntegra aqui.
A posição mais prudente no caso de desempenho esportivo é partir da premissa que seremos eliminados precocemente de todos os torneios e que teremos as piores classificações possíveis no Brasileiro.
O que o gestor faz é dar um bico para chegar num número mágico de receita e tenta travestir isso de princípio contábil. Não tem nada de prudência nisso tudo, são expectativas que ele criou com base no elenco que formou, só isso.
Vamos pular para as premissas de cotas de participação para provar que não há prudência, mas sim um esforço híbrido de contas de chegada e muita gestão de expectativa para uso eleitoral.
Cotas de Participação
Nesse item podemos fazer amarrações com tudo que foi escrito acima até agora. Vamos a mais uma captura de tela:
O “princípio da prudência” da gestão não foi tão prudente assim na Libertadores 2022, por exemplo. E essa receita estaria atrelada a uma cotação do dólar superestimada (projetada no fluxo: 5,50; hoje: 4,80).
A “prudência” terá que ser deixada de lado na Sulamericana e precisaremos avançar até um ponto onde sejam cobertas as perdas pela eliminação precoce, mais efeitos de desvalorização do dólar, que indexa as cotas de participação. Talvez isso seja inexequível por n motivos, esportivos e desvalorização cambial. E a “prudência” virou mais um “dogma”, narrativa fútil e rasa, enfim, uma mega enrolação.
É preciso ressaltar algo de extrema relevância nessa parte!
Não há atribuição de receita de premiação e/ou cotas de participação nos Estaduais. Muito tem se comentado que as metas esportivas do orçamento foram parcialmente atingidas e até mesmo superadas, pois chegamos nas finais do Estadual e vencemos. Mas não há receita. No mundo das narrativas isso pode ter algum valor; no mundo financeiro e orçamentário é completamente inócuo.
Transmissão na TV
Tem muito blá blá blá de informações que já são públicas aqui, mas não há uma quantificação explícita no plano:
Sobre o texto, a única novidade é nossa fatia de assinantes no pay-per-view: 3,66%. Um market share nesse nível tão baixo, num montante de distribuição, segundo o plano, de 686 milhões, criam gaps financeiros colossais.
Eu não consegui validar essas premissas de distribuição do pay-per-view. Inclusive achava que existiam só duas partes: a fixa e a variável do market-share. Mas o plano diz que os valores são divididos como na TV aberta, então deve existir alguma premiação por performance.
Além da falta de quantificação dos valores lançados no fluxo, também a ausência de premissas para os anos subsequentes. Existem as tais premissas esportivas “prudentes”, mas na parte de valorização das cotas de transmissão da TV, só trataram de valores de 2022.
Não há meios de tentar validar os 5.5 milhões do Carioca.
Mas notem que como o fluxo tem 9 meses a partir de abril, a receita do Carioca teria que ter um corte até 31/03 e a partir de 01/04.
O nível informacional dessas parte das premissas é lamentável.
O apanhado de slides chamado de orçamento fala em 83.7 milhões de direitos de transmissão para todo ano de 2022. O plano, por englobar 9 meses, teria que ter um valor inferior a esse, excluindo boa parte da receita do Estadual.
Essa questão de cotas de TV é bem complexa em termos de projeções de fluxo de caixa, em especial as de TV fechada, que vem enfrentando uma crise enorme com a perda de assinantes, fazendo uso de elevadas reduções nos preços das mensalidades do pay-per-view. É impossível que isso não afete no curto e médio prazo esse valor de 686 milhões que é distribuído. Menos receita, menos valores para distribuição. As premissas desconsideram completamente esse conjuntura que pressiona pela redução de receita no horizonte do plano de pagamento.
Bilheteria
Nós já discutimos isso na edição 47 e o “erro” persiste nessa parte das premissas.
Receita líquida dos jogos não representa o resultado operacional das partidas. É preciso, em termos de fluxo de caixa, trabalhar com o resultado líquido dessas partidas e não com a receita de bilheteria em si, principalmente em clubes que operam seus jogos de forma recorrentemente deficitária. Portões fechados representam perdas de caixa menores nesses casos.
Apresentar receitas de uma operação notoriamente deficitária não dá lastro para pagamento aos credores.
E aqui temos um belo indicativo que não respeitaram os cortes necessários para projetar os 9 meses a partir de abril, afinal as premissas falam em 11 partidas pelo Estadual de 2022, mais 4 da decisão do Estadual.
Com exceção do último jogo da final, todos ocorreram até 31/03/22.
Engraçado mesmo que se as metas eram chegar as finais e só a Taça Guanabara tinha 11 rodadas antes de abril, erraram feio a quantidade de jogos! 14 dos 15 jogos do Estadual ocorreram até 31/03.
Jogos da pré-libertadores também ocorreram antes de 31/03. 40% dessa quantidade deveria ficar de fora se o fluxo é de abril a dezembro de 2022.
Muita qualidade nas projeções ou na tentativa de encher linguiça.
Mas os problemas não param por aí!
A gestão projetou valores de tickets médios, expectativa de público e bilheteria:
Por obra do acaso, eu tenho tickets médios do Estadual. Como vocês sabem, passei a fazer um acompanhamento mais minucioso dos borderôs em 2022. Vamos comparar as premissas com a realidade de 2022.
A compilação de todos os borderôs do Estadual 2022 indicam que o ticket médio da Taça Guanabara foi de R$30,80, enquanto nas finais foi de R$36,21. Em termos de fluxo de caixa, isso não é caixa efetivo, pois são arbitrados valores aos ingressos de sócios que não representam o verdadeiro encaixe de valores, mas esse assunto não será abordado nessa thread. Um problema que impacta fluxos de caixa e será abordado em edições futuras da #DARKSiDE.
O público médio do Taça Guanabara chegou 5.9 mil e o total 65.520 presentes em 11 jogos. Nas finais temos uma média de quase 40k e um público total de 159k em 4 jogos.
Bom, não fechou, não é mesmo? Vamos a quantificação das divergências:
Bilheteria estimada no plano – Taça Guanabara: 2.77 milhões
Bilheteria bruta real – 2.08 milhões, mas uma parte foi rateada com Botafogo, Flamengo e Vasco. As premissas ignoraram a questão de rateio de resultado operacional dos clássicos no Estadual.
Bilheteria estimada no plano – Finais: cerca de 1 milhão.
Bilheteria bruta real – 6.13 milhões, novamente sujeita a rateios nos 4 jogos.
A marmita de gestor que estiver lendo essa parte já deve estar soltando fogos, mas vamos voltar para o mundo real do fluxo de caixa.
Descontando as despesas, o Estadual de 2022, em termos de operação de seus jogos, ficou praticamente no zero a zero. Os elevados custos consumiram quase que a totalidade dos valores arrecadados. Se a ideia era gerar receita para pagar dívidas e as parcelas do plano, não deu certo:
É preciso lembrar que segundo o orçamento de 2022, a meta é atingir cerca de 7 milhões de superavit na operação dos jogos.
O plano não toca nesse assunto de só ter um “fluxo livre” de 7 milhões, falando só de bilheterias na ordem de 33 milhões. Soa a desinformação.
Patrocínios
Aqui temos mais um dogma. Muito texto e nenhuma quantificação:
Qual os valores? Quais os contratos? Quais as vigências dos atuais contratos de patrocínio? O que é permuta e parceria? O que é entrada efetiva de caixa?
Ainda bem que eu não sou credor do Fluminense.
Loterias
Aqui apareceu uma novidade bem interessante!
Eu desconhecia que toda receita de loteria (Timemania) era carimbada para pagar FGTS de ex-funcionários. Enfim, ela não vai contribuir em nada para gerar fluxo livre para quitar o plano ora proposto.
Maracanã
Mais um parte só para encher linguiça e sem quantificação de valores:
E “como se sabe”, a concessão está em processo de renovação.
O Fluminense sequer é concessionário formal do Maracanã, toda documentação aponta o Flamengo como real concessionário e há um acordo entre ambos, com um dedo do Governo do Estado, para transparecer que o estádio foi cedido a dois clubes em vez de um.
Além de informar que a situação de 2019 está para ser alterada, seria preciso, sobretudo, abrir as contas do Maracanã.
Quais receitas ele gera aos clubes na sua gestão?
Quanto o Fluminense recebe anualmente dessa “administração conjunta”?
Falam em receitas adicionais com a cessão a CBF e CONMEBOL, mas isso pode implicar em ter que jogar em outros estádios, pagando aluguéis muito vezes superiores ao que o Fluminense paga para jogar no seu “próprio” estádio.
Sócios torcedores
Adivinhem! Mais uma parte sem quantificação.
Fonte: Plano de Pagamento de Credores (RCE)
Uns dias atrás fiz algumas análises sobre a destinação das receita de sócio futebol no Twitter:
A margem de contribuição do sócio futebol frente a operação deficitária dos jogos é muito baixa. Na prática ela é ainda menor do que se imagina, pois ingressos de associados são precificados no borderô em valor superior ao rateio da receita líquida do programa pela quantidade de jogos num mês (WIP da DARKSiDE, vamos tratar disso em edições futuras).
E nesse contexto de valor efetivo a menor, achei curiosa demais essa questão de ticket médio mais alto.
Vamos exemplificar, num preview do que a DARKSiDE trará em breve:
Com um plano de 75 se assiste todos os jogos. Se forem 4 por mês, a receita liquida efetiva seria calculada como segue:
- 75 reais / 4 partidas: 18,75
- Custos do programa (segundo o orçamento 2022): aproximadamente 1,30, ou 0,33 por partida;
- INSS sobre a receita bruta (5% sobre 75): 3,75, ou 0,94 por partida.
O resultado liquido chega em 17,48 nesse cenário. O borderô lança essa entrada a 20. Há uma receita inexistente de 2,62 por acesso.
E onde estão esses ganhos de ticket médio?
E isso tudo nesse contexto de partidas deficitárias, sem resultado liquido positivo.
Mais um ponto para enrolação. Ela já está ganhando de 7×1 nesse plano.
Mecanismos de Solidariedade
Aqui há quantificação, mas não deixa de ser um bico:
Novas Receitas
O Fluminense, sempre “vanguardista” levanta a hipótese, obviamente sem quantificar nada, sobre novas receitas:
Falar em vanguarda e tokens sendo um dos poucos que ainda não tem isso é bem engraçado. Preparem o bolso, estão prevendo que vamos bancar 2.4 milhões em tokens esse ano (o bruto a ser arrancado dos nossos bolsos deve girar em torno de 3 milhões). E mais 4.8 milhões em 2023 e 2024. E mais 2.4 milhões em 2025, sem deixar claro se respeitaram o corte de 3 meses do fluxo. Bom, 12 milhões em tokens, comecem a economizar para pagar isso, tokens raramente são distribuídas 0800 em esforços promocionais, como o enxoval da Umbro.
Eu não me recordo de previsão de receita com tokens no apanhado de 8 slides que chamaram de orçamento.
Receitas de novas plataformas? Mais um texto lindo, sem uma única indicação de valor.
Dizem que críticas muitas vezes são panfletárias. Fico curioso como qualificariam um plano de pagamento com receitas não mensuradas.
Venda de atletas
Eu não sei se minha paciência acabou ou se o texto realmente é uma confusão muito louca nessa parte.
Falam de ITG 2003, que sustentam a capitalização de custos de formação e associam isso a capacidade de geração de receita. E ainda dizem que alinhado as melhores práticas contábeis nacionais, a venda de atletas potencializa a capacidade de investimento. Devem ter aprendido isso no mesmo livro texto do principio da prudência.
Para que não está acreditando na conversa que deixaria o folclórico personagem Rolando Lero com inveja, segue a captura:
Bom, voltando ao mundo real, o Fluminense gasta mais do que arrecada e precisa vender atletas. Como gostam de falar no Twitter, vendem o almoço para comprar a janta.
As metas estabelecidas:
As diversas partes desse plano não conversam entre si.
Se vocês recordam, anteriormente eles falaram que queriam mitigar as vendas de jogadores e obter superávits operacionais sem essa receita extraordinária.
Agora as vendas intencionam maiores e melhores investimentos na base para manter essa dinâmica que todos adoram: vender jovens talentos.
Bom, as vendas agora precisam subsidiar não só os rombos operacionais, mas o pagamento desse plano.
E esse brilhante texto com pinceladas de “práticas contábeis” esquece de informar que as vendas costumam ser parceladas. Uma informação primordial quando estamos falando de fluxo de caixa.
Obviamente, também omitem qualquer comentário sobre custos de antecipação de parcelas junto as instituições financeiras, o que nos faz crer que há mais saídas de caixa esquecidas nesse fluxo apresentado.
Rolando Lero tentou, sem sucesso, enrolar o Professor Raimundo, como de costume.
Projetos Incentivados
O plano informa que as receitas previstas de 6.8 milhões são carimbadas ao projetos incentivados e não podem ser utilizadas para o pagamento de dívidas. E também dizem que não tem CNDs de uma forma bem sutil:
Fica subentendido, caso haja captação, será integralmente gasto, sem gerar caixa livre. Caso ocorra, tanto a captação como algum superavit, não poderia ser usado no plano. Não sei então o motivo pelo qual incluiram isso num plano de pagamentos, enfim…
Despesas
A essa altura nem cabem mais críticas, vou simplesmente colar na integra tudo que foi dito e “mensurado” sobre despesas:
Talvez esse plano tenha sido escrito em outro multiverso onde nos classificamos para a Fase de Grupos da Libertadores e isso explique a maioria dos pontos que levantei até agora. Eles podem estar vivendo numa realidade paralela a nossa.
Lembrando que toda informação financeira sobre saídas de caixa se resume a isso:
Fecharei essa edição com 2 citações e um ditado popular!
“O peixe morre pela boca. O ser humano é o único animal que morre pela língua.”
“Não se olvide que a liberdade de expressão (de informar, de criticar, etc.) é um dos pilares centrais de uma sociedade democrática. A livre manifestação do pensamento é garantia constitucional, devendo ser assegurada em toda sua plenitude, nos vários veículos de comunicação, inclusive nas redes sociais”, me permitindo uma única alteração: Revue, “no caso concreto”.
No texto original de onde isso foi extraído, ainda há uma nota de rodapé usada:
“A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.” (Art, 220, caput, Constituição da República)‘.
Próximas edições…
O próximo item do plano trata de credores contemplados.
Assinantes receberão em primeira mão e não haverá programação de aviso de nova edição na timeline do Twitter.
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